E Agosto é todo o ano para mim
"Senhor, lembro-Te os emigrantes.
Voltam em Agosto.
Olhamo-los e dizemos «eles».
Olhamo-los e dizemos «eles».
Partiram e sabemos a razão.
Porque sonharam outra vida.
Sem pés descalços,
sem quilómetros a pé,
sem carregos à cabeça
sem a malga de barro onde escorria a seiva e donde se sorvia então um caldozito.
Sem pés descalços,
sem quilómetros a pé,
sem carregos à cabeça
sem a malga de barro onde escorria a seiva e donde se sorvia então um caldozito.
Voltam para dizer aqui a dignidade.
Voltam todos os anos em Agosto.
Carros enormes
e vestidos de outro jeito.
Carros enormes
e vestidos de outro jeito.
Voltam para casar.
Para baptizar os filhos naquela mesma igreja.
Voltam para ir a Fátima.
Voltam e existem.
Para baptizar os filhos naquela mesma igreja.
Voltam para ir a Fátima.
Voltam e existem.
Em Agosto revelam-se desejos e mistérios guardados todo o ano.
Palavras como berço, regresso, reeencontro.
Senhor, ensina-nos os gestos solidários
que lhes digam quanto os esperámos
nesta
e noutras terras que são suas.
que lhes digam quanto os esperámos
nesta
e noutras terras que são suas.
Pressinto que todo o ano eles sentem como o poeta:
E ainda hoje, vou com o vento balouçando.
E Agosto é todo o ano para mim."
E Agosto é todo o ano para mim."
Maria Teresa Frazão
2 comentários:
Ui... Quem me dera saber fazer isso... Em vez disso, passo o tempo todo a amaldiçoá-los por transformarem a minha terrinha pacata num inferno de grandes carros e gente mal-vestida que atravessa a rua onde não deve e entope passeios.
Mea culpa.
Briseis...este é o outro lado da coisa. Pensemos assim e talvez consigamos suportar melhor a balbúrdia em que isto se transforma em Agosto =P
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