domingo, 31 de janeiro de 2010

Há dias assim


Há dias que amanhecem sem beleza. Hoje o dia amanheceu assim. Quando abri os olhos, acordada pelo (terrível?) despertador, apeteceu-me, com muita força, desistir...ficar na cama o dia inteiro, a dormir um sono que me fizesse esquecer de como por vezes, é difícil enfrentar a nossa verdade e a nossa fragilidade.
Mas eu não queria, na verdade, desistir nem esquecer-me de como é difícil... O que eu queria, o que eu desejava ardentemente (porque é tão fácil perdermo-nos de nós próprios) era encontrar-me.
E num dia que tinha tudo para ser parecido (ou talvez pior) a tantos outros dias, fez-se luz aqui dentro.
E eu encontrei-me de novo.
Há dias que amanhecem sem beleza para que, ao terminarem, possamos sentir-nos gratos pela forma genial que Deus tem de nos surpreender.
Hoje, o dia termina assim.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

E já que estou numa de fazer posts com textos de outras pessoas...


...aqui fica um texto sobre o amor de Miguel Esteves Cardoso. Concordo. Com tudo. Frise-se muito bem: COM TUDO. Deliciem-se...

“Há coisas que não são para se perceberem. Esta é uma delas. Tenho uma coisa para dizer e não sei como hei-de dizê-la. Muito do que se segue pode ser, por isso, incompreensível. A culpa é minha. O que for incompreensível não é mesmo para se perceber. Não é por falta de clareza. Serei muito claro. Eu próprio percebo pouco do que tenho para dizer. Mas tenho de dizê-lo.

O que quero é fazer o elogio do amor puro. Parece-me que já ninguém se apaixona de verdade. Já ninguém quer viver um amor impossível. Já ninguém aceita amar sem uma razão. Hoje as pessoas apaixonam-se por uma questão de prática. Porque dá jeito. Porque são colegas e estão ali mesmo ao lado. Porque se dão bem e não se chateiam muito. Porque faz sentido. Porque é mais barato, por causa da casa. Por causa da cama. Por causa das cuecas e das calças e das contas da lavandaria.

Hoje em dia as pessoas fazem contratos pré-nupciais, discutem tudo de antemão, fazem planos e à mínima merdinha entram logo em “diálogo”. O amor passou a ser passível de ser combinado. Os amantes tornaram-se sócios. Reúnem-se, discutem problemas, tomam decisões. O amor transformou-se numa variante psico-sócio-bio-ecológica de camaradagem. A paixão, que devia ser desmedida, é na medida do possível. O amor tornou-se uma questão prática. O resultado é que as pessoas, em vez de se apaixonarem de verdade, ficam “praticamente” apaixonadas.

Eu quero fazer o elogio do amor puro, do amor cego, do amor estúpido, do amor doente, do único amor verdadeiro que há, estou farto de conversas, farto de compreensões, farto de conveniências de serviço. Nunca vi namorados tão embrutecidos, tão cobardes e tão comodistas como os de hoje. Incapazes de um gesto largo, de correr um risco, de um rasgo de ousadia, são uma raça de telefoneiros e capangas de cantina, malta do “tá bem, tudo bem”, tomadores de bicas, alcançadores de compromissos, bananóides, borra-botas, matadores do romance, romanticidas. Já ninguém se apaixona? Já ninguém aceita a paixão pura, a saudade sem fim, a tristeza, o desequilíbrio, o medo, o custo, o amor, a doença que é como um cancro a comer-nos o coração e que nos canta no peito ao mesmo tempo?

O amor é uma coisa, a vida é outra. O amor não é para ser uma ajudinha. Não é para ser o alívio, o repouso, o intervalo, a pancadinha nas costas, a pausa que refresca, o pronto-socorro da tortuosa estrada da vida,o nosso “dá lá um jeitinho sentimental”. Odeio esta mania contemporânea por sopas e descanso. Odeio os novos casalinhos. Para onde quer que se olhe, já não se vê romance, gritaria, maluquice, facada, abraços, flores. O amor fechou a loja. Foi trespassada ao pessoal da pantufa e da serenidade. Amor é amor. É essa beleza. É esse perigo. O nosso amor não é para nos compreender, não é para nos ajudar, não é para nos fazer felizes. Tanto pode como não pode. Tanto faz. É uma questão de azar.

O nosso amor não é para nos amar, para nos levar de repente ao céu, a tempo ainda de apanhar um bocadinho de inferno aberto. O amor é uma coisa, a vida é outra. A vida às vezes mata o amor. A “vidinha” é uma convivência assassina. O amor puro não é um meio, não é um fim, não é um princípio, não é um destino. O amor puro é uma condição. Tem tanto a ver com a vida de cada um como o clima. O amor não se percebe. Não é para perceber. O amor é um estado de quem se sente. O amor é a nossa alma. É a nossa alma a desatar. A desatar a correr atrás do que não sabe, não apanha, não larga, não compreende.

O amor é uma verdade. É por isso que a ilusão é necessária. A ilusão é bonita, não faz mal. Que se invente e minta e sonhe o que quiser. O amor é uma coisa, a vida é outra. A realidade pode matar, o amor é mais bonito que a vida. A vida que se lixe. Num momento, num olhar, o coração apanha-se para sempre. Ama-se alguém. Por muito longe, por muito difícil, por muito desesperadamente. O coração guarda o que se nos escapa das mãos. E durante o dia e durante a vida, quando não esta lá quem se ama, não é ela que nos acompanha – é o nosso amor, o amor que se lhe tem. Não é para perceber. É sinal de amor puro não se perceber, amar e não se ter, querer e não guardar a esperança, doer sem ficar magoado, viver sozinho, triste, mas mais acompanhado de quem vive feliz. Não se pode ceder. Não se pode resistir. A vida é uma coisa, o amor é outra. A vida dura a Vida inteira, o amor não. Só um mundo de amor pode durar a vida inteira. E valê-la também.”

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

O instante mágico


Gosto de Paulo Coelho por causa de coisas como esta:

"É preciso correr riscos. Só entendemos direito o milagre da vida quando deixamos que o inesperado aconteça.
Todos os dias Deus nos dá – junto com o sol – um momento em que é possível mudar tudo que nos deixa infelizes. Todos os dias procuramos fingir que não percebemos este momento, que ele não existe, que hoje é igual a ontem - e será igual a amanhã. Mas, quem presta atenção ao seu dia, descobre o instante mágico. Ele pode estar escondido na hora em que enfiamos a chave na porta pela manhã, no instante de silêncio logo após o jantar, nas mil e uma coisas que nos parecem iguais. Este momento existe – um momento em que toda a força das estrelas passa por nós, e nos permite fazer milagres. A felicidade às vezes é uma bênção – mas geralmente é uma conquista. O instante mágico do dia nos ajuda a mudar, nos faz ir em busca de nossos sonhos. Vamos sofrer, vamos ter momentos difíceis, vamos enfrentar muitas desilusões – mas tudo é passageiro, e não deixa marcas. E, no futuro, podemos olhar para trás com orgulho e fé. Pobre de quem teve medo de correr os riscos. Porque este talvez não se decepcione nunca, nem tenha desilusões, nem sofra como aqueles que têm um sonho a seguir. Mas quando olhar para trás – porque sempre olhamos para trás – vai escutar seu coração dizendo: “O que fizeste com os milagres que Deus semeou por teus dias? O que fizeste com os talentos que teu Mestre te confiou? Enterraste fundo em uma cova, porque tinhas medo de perdê-los. Então, esta é a tua herança: a certeza de que desperdiçaste tua vida.”Pobre de quem escuta estas palavras. Porque então acreditará em milagres, mas os instantes mágicos da vida já terão passado...“

In "Na margem do Rio Piedra eu sentei e chorei"

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

É hipócrita que me sinto

Tenho sentido uma impotência gigante perante o sofrimento do Haiti. E um enorme "Porquê?" tem assombrado os meus dias. Fico estática a olhar para as imagens de horror e de miséria que se vêem constantemente nos meios de comunicação social, e pergunto-me onde está a justiça nisto tudo. Pergunto-me se é justo eu estar envolvida na minha confortável vidinha, cheia de tudo o que é bom, a escrever um post no meu blog, quando há neste momento do outro lado do mundo, crianças cheias de tudo o que é mau, com braços, pernas e vidas amputadas. Não é.
Pergunto-me como reagiria se em 30 segundos a minha vida ruísse. E a resposta que obtenho, leva-me a concluir que se calhar não estou preparada para grandes adversidades e que isso talvez signifique que tenho tudo a mais.
Não sei vocês, mas perante isto, só consigo sentir-me hipócrita.

domingo, 17 de janeiro de 2010

É só para dizer...

...que estou apaixonada.

Nem sei bem como hei-de chamar este post!

O Rodrigo fez quatro anos no dia 14 e a festa, foi hoje cá em casa. Éramos trinta...família grande é uma alegria (na minha família inteira só eu e outra desgraçada tivemos o azar de ficar filhas únicas). Estou cansada. Cansada a sério. Sei que dentro de alguns minutos, quando desligar o computador e encostar a cabeça na almofada, não terei qualquer dificuldade em adormecer. Sabe bem este cansaço! Sabe bem estar no meu quarto, na minha cama e ouvir a chuva lá fora. Desde que saí de casa para estudar (há mais ou menos sete anos), nunca como agora me soube tão bem regressar. Mesmo que seja só durante um fim de semana. Mesmo sabendo que amanhã é Domingo e que terei de ir embora outra vez. Crescer, tem-me mostrado que na vida, existem três tipos de coisas: as dispensáveis, as importantes e as essenciais.
Estar no espaço que me viu crescer, estar perto daqueles que são a base a partir da qual me construí, cabe naquilo que para mim, é essencial. De vez em quando, sinto falta desta segurança que só encontro aqui. Exactamente aqui no meu quarto, do lado esquerdo da minha cama. Gostava que o Rodrigo, daqui a vinte anos, sentisse o mesmo. Ele e todos os meninos do mundo! Gostava que soubessem que lhes pode faltar tudo, mas que o essencial, é sentir que aquilo que é essencial está nas nossas raízes...aquelas que nos prendem à base onde se apoia tudo aquilo que somos.
Que bem sabe este cansaço!

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Dizem por aí que as mulheres são complicadas...

...e é verdade.
Eu pelo menos, sou.
Mas muito!

domingo, 10 de janeiro de 2010

10 de Janeiro de 2010

Quando se arrisca, não se escolhe um dia para o fazer. Quando se arrisca, é o dia que nos escolhe a nós.
Hoje, o dia escolheu-me.

sábado, 9 de janeiro de 2010

Coisinhas

Ora então é verdade que ando desaparecidíssima por estes lados...é verdade sim senhor, têm toda a razão! Então deixem-me cá fazer um resumo do que tem sido a minha vida nos últimos dias (como se isto interessasse a alguém). O Natal foi óptimo. A Passagem de Ano foi óptima. Os dias seguintes foram um bocadito "menos óptimos" mas não deixaram de ser óptimos. Hoje é Sábado, está um sol maravilhoso e estou a trabalhar...Mas está a ser óptimo! A sério!
E pronto...como já deu para perceber, não estou inspirada para escrever nada que preste. Desculpem lá a minha extrema felicidade sim? =)
Um óptimo fim de semana!!!!

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

O meu único desejo para 2010

Que apesar de tudo e acima de qualquer coisa, eu não perca a certeza de que sou amada.
Com esta certeza, eu sei que consigo tudo.