Quando era adolescente, jurava que sozinha poderia mudar o mundo. Lembro-me que antes de dormir, ao pensar no meu dia, sentia uma tristeza enorme quando percebia que afinal, não tinha dado o meu melhor e que poderia ter feito muito mais. Mas que tristeza saudável era aquela!...Porque na manhã seguinte, acordava com vontade de conseguir...com a certeza de que aquele dia iria ser diferente. Que iria trazer consigo a grande novidade. E às vezes trazia...e quando não trazia, apesar da tal tristeza, não importava porque eu sabia que o dia seguinte seria melhor.
Vivi muito tempo nesta certeza encantadora de poder mudar o rumo do planeta. Com o tempo, essa certeza foi ficando cada vez mais ténue e constatei com decepção que o mundo inteiro era demasiado grande e que talvez tivesse de canalizar energias para o meu mundo. E fiz isso mesmo. Aliás...continuo a fazê-lo ainda hoje.
E até ao dia em que deixar de acreditar que consigo, fá-lo-ei.
Mas isto é tudo tão difícil...o ser humano pode ser tão mau quando decide sê-lo...e às vezes nem decide sequer. É mau porque talvez se canse de construir o que outros destroem. Tenho medo de me cansar. Tenho medo de deixar de acreditar que é possível e de me tornar má sem querer. Medo do monstro do desencanto. Este Blog anda cinzento-escuro. Mas isso é porque o mundo é um lugar hostil. Maravilhoso...mas hostil.
5 comentários:
Precisamente!!! Medo de ficar má, tambem eu tenho... mas, apesar do medo, tenho tambem a necessidade de ser má. É um "mata ou morres". É duro e doloroso apercebermo-nos que pela via da clareza e da honestidade não vamos lá... Estou a aprender essa lição. Lentamente, ao início mas já começo a conseguir ser criativa... tem que ser.
B...prefiro continuar a acreditar na via da clareza e da honestidade. Se calhar tal como tu vou chegar um dia à mesma conclusão...e tenho medo desse dia.
É assustador darmo-nos conta de que caminhamos nesse sentido. Mas, quando nos apercebemos que já lá estamos, o medo desaparece. Fica a adrenalina, os sentidos alerta e a segurança de sabermos que não vamos ser apanhados desprevenidos. E a parte boa (porque a há, sempre!) é sabermos quem são as pessoas com quem podemos contar e a sensação de libertação que temos quando estamos com elas.
Pois...talvez tenha de começar a aprender a agir assim...
Pois... Hoje também dei um passo nesse sentido! Sinceramente, não quero ser má, não quero mesmo. Mas ultimamente, uma pessoa tem sido má comigo... muito má! tem-me magoado, desiludido, desnorteado e eu cheguei à conclusão que a única forma de me defender, era ser má também! É um sentimento estranho: Não quero, mas tenho que ser (neste caso, o "afastar de" não chega)!
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