quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Da tristeza

As pessoas andam tristes. Todas as pessoas. Mais ninguém reparou nisso? Sou eu que ando a ver o mundo distorcido?...Pessoas tristes, sempre houve. Mas não como agora. Agora, eu olho à minha volta e o que oiço são conversas de desânimo em relação "ao sistema"...ou então, já nem oiço conversa alguma. As pessoas ficam caladas no seu canto, quietas e encolhidas como se tivessem medo de viver e de falar e de sorrir e até de dizer uns disparates. Nas noites de Agosto, vêm-se esplanadas repletas de gente de cara triste e desiludida, jovens agarrados aos telemóveis, cada um no seu mundinho virtual, onde não há espaço para conversas reais e enriquecedoras. Ou então,mesas cheias de garrafas de cerveja vazias ou copos com bebidas de cores duvidosas com gente "alegre" à força.
Ou isto sempre foi assim e eu é que não vi, ou então, está a passar-se algo de estranho e triste. Algum sociólogo será capaz de me explicar este fenómeno? É que eu ainda me lembro de sair à noite e ouvir gargalhas sonoras, jovens à conversa, grupos de amigos que tinham sonhos e lutavam por causas comuns. Ainda me lembro das crianças jogarem às escondidas na rua e de acreditarem no Pai Natal e de gostarem de comer gelados sentadas num banco de jardim e de serem felizes por isso. E de se notar que eram felizes por isso. Hoje há tudo em excesso. Há consolas, telemóveis, PSPS ou o raio que a leve, há seiscentos e tal amigos no facebook e mais trezentos e tal no hi5...mas mesmo assim as pessoas andam tristes. Mesmo assim, a solidão de tanta gente, parece ser cada vez mais evidente e o mais assustador de tudo é cada um parecer viver "bem" com isso.
A causa desta tristeza generalizada deve ser comum. Deve haver uma raiz bem profunda que originou esta planta venenosa que está a contaminar o mundo. 
E eu até desconfio onde está essa raiz. Mas isso, é um tema de conversa que seria interessante ter numa esplanada de Agosto, não fossem o desânimo e a tristeza camuflados por um telemóvel. Ou por uma garrafa de cerveja.

6 comentários:

Joana disse...

Concordo, Fabi. Quantas vezes se vêm grupos de pessoas juntas mas cada uma com seu telemóvel ou com sua garrafa na mão... De facto... é triste.

Unknown disse...

Pois Joana...vamos tentar nós reverter isso...

Briseis disse...

É tão bom pensarmos nisso... Porque esta tristeza crónica é como um cancro silencioso que nos vai minando e envelhecendo. Se pensarmos nisso, talvez possamos reverter o processo...

Unknown disse...

B...às vezes penso que sou eu a ver as coisas pior do que realmente são...mas pressinto que afinal as coisas estão de facto mal...por isso sim...temos de pensar nisto como algo sério e que tem de ser revertido

Dulce disse...

Este blogue foi das coisas mais bonitas que descobri ultimamente. E quanto à razão da tristeza global, epidémica, penso que será porque neste ritmo de coisas as pessoas se vão alienando e afastando cada vez mais daquilo de que realmente gostam. E posso dizer-te do que eu gosto: amar e ser amada. E também ando bem afastada disso. Mantenho o contacto, apesar de tudo, pelo que ainda não enlouqueci.

Unknown disse...

Obrigada Dulce =) fico feliz por saber que gostam de me ler.
Quanto à causa da tristeza...sim...parece-me que a raiz está na falta de "amor a sério". Na falta da procura e da prática desse amor na vida das pessoas.Se tu já descobriste isso, só tens de ter a coragem de reverter a situação. Está tudo nas nossas mãos =)