Oiço muitas vezes (demasiadas vezes) dizer que "o mundo está perdido". É mentira. A prova chama-se Rodrigo, tem três anos, caracóis loiros e uma teimosia que tenho a certeza, fará dele uma pessoa crescida com personalidade forte. É pequenino mas conseguiu mexer com milhares de coisas que tenho cá dentro (coisas boas por sinal). É meigo e frontal como todas as crianças. Chama pelo meu nome dezenas de vezes por dia e acredita piamente que a lua se parte quando não está cheia e que pode voar como o Peter Pan. Por isso, faz-me sentir todos os dias que o mundo que dizem estar mau não está tão mau assim. Na tarde de hoje, um domingo cheio de céu azul, o Rodrigo brincou no jardim até ficar sujo e rabujento de cansaço. E eu senti-me feliz e grata por saber que existem ainda milhões de meninos e meninas por esse mundo fora que ficam sujos e rabujentos de cansaço depois de brincarem em tardes de sol. E pensei que se essas crianças crescerem a pensar que o mundo em que vivem está irremediavelmente perdido, perderão o entusiasmo para mudar o que está errado. Por isso eu direi sempre ao Rodrigo que o mundo ainda é um lugar maravilhoso porque ele existe. E ele faz toda a diferença.
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